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Diário do Nuno


De Sancho a Quixote... PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
9h35 dia 19 de Novembro, S. Pedro do Estoril.
Assim começava a nossa aventura Ibérica com 5 estreantes nestas andanças de Circuito Espanhol de Seniores.
O programa foi o previsto. Cerca de 6h30 de viagem com muita conversa, algumas anedotas e umas jogatanas pelo caminho, após as quais nos instalámos no habitual Hotel Formula1. Uma voltinha para desentorpecer as pernas, um jantarito e a restante noite repartida pela preparação das armas, algum estudo e uma batalha no jogo do Risco onde, após alguns debates sobre as regras do jogo, lá se impôs o Miguel com as suas tropas verdes conquistando a Europa, África e Oceânia.
No domingo disputámos a tão desejada competição. 174 atiradores de "todas as idades formas e feitios", divididos numa primeira competição com 120 atletas dos quais se apuraram os primeiros 16 para, em conjunto com os 54 melhores do Ranking, realizarem a fase principal com 10 poules de 7 jogadores e eliminação directa até à final.
Em termos competitivos penso que cumprimos os objectivos que transportámos na bagagem. Voltámos mais fortes, mais experientes e mais conhecedores, fruto de termos sido confrontados com uma competição de nível mais elevado com maior diversidade de estilos dos oponentes e integrada num contexto internacional.
Na sequência da última reflexão diria:
Podendo ser Gigantes não queiram ser Moinhos, mas não se esqueçam que de Sancho a Quixote vai um longo caminho...cheio de altos e baixos, que se percorre com trabalho, dedicação e empenho.
 
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Nunca fui um amante de Poesia. Mas um dia juntei-me à família para oferecer ao meu Pai uma grande obra que juntava os trabalhos de António Gedeão, seu Poeta de eleição. Foi folheando essa prenda de aniversário que logo nas primeiras páginas encontrei - Impressão Digital.

 

Os meus olhos são uns olhos,

e é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores!

De tudo o mesmo se diz!

Onde uns vêem luto e dores,

uns outros descobrem cores

do mais formoso matiz.

Pelas ruas e estradas

onde passa tanta gente,

uns vêem pedras pisadas,

mas outros gnomos e fadas

num halo resplandecente!!

Inútil seguir vizinhos,

querer ser depois ou ser antes.

Cada um é seus caminhos!

Onde Sancho vê moinhos,

D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos!

Vê gigantes? São gigantes!

 

António Gedeão
in "Movimento Perpétuo", 1956


Daí em diante nunca mais esqueci estas palavras que, nas diferentes áreas da vida, me ajudam a tentar ser... D. Quixote nas coisas boas e Sancho perante as adversidades.

 
...não dar vantagem aos adversários. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
O Mestre Horvath chamava-lhe "perder o fio".
Por vezes um atleta passa fases extremamente difíceis na sua carreira competitiva. De forma mais ou menos inexplicável as "coisas" começam a não sair bem, a luz do aparelho deixa de acender para o nosso lado, parece que não sabemos o que utilizar durante os jogos e mais complicado ainda não temos sequer ideia do que fazer, como se um vazio técnico-táctico se instalasse em nós.
Conheço vários momentos destes (os meus e os dos outros), alguns deles constituindo verdadeiras "travessias do deserto" com um acumular de resultados bem abaixo das nossas capacidades.
Esta situação não se explica à luz do conceito de "forma desportiva" pois muitas vezes perdura indiferente à multiplicidade de factores que contribuem para o desempenho desportivo.
Dizia Horvath que o importante era trabalhar ainda mais nestes momentos pois a tendência é para afrouxar face à desmotivação que por vezes se vai instalando.
É que assim como por vezes "perdemos o fio" mais tarde ou mais cedo "o recuperamos" e nesse momento queremos estar na máxima força... para não dar nenhuma vantagem aos adversários.
 
Outra vez no início... PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Dentro de uma semana vamos a Madrid jogar uma prova do Ranking Espanhol.
Enquanto informava alguns dos nossos jovens que contava levá-los a este torneio, observava as suas expressões de satisfação por esta primeira oportunidade de participar numa prova fora de Portugal e lembrei-me dos meus primeiros passos...
A primeira vez que cruzei a fronteira para fazer esgrima foi na companhia do meu amigo Carlos Frederico, que conduziu uma carrinha emprestada já não sei bem por quem levando-me juntamente com a Isabel Quina Ribeiro e o seu Pai até Logronho para uma prova do Ranking Espanhol. Estávamos então na época de 1988/89 e o entusiasmo era mais que muito.
Da minha prestação pouco me lembro mas não esqueço todos os pormenores de uma final disputada entre o Peña e o Pereira, este último com uma esgrima fantástica de punho Francês moldada pelo Mestre Horvath, estilo esse que o Mestre Grave dos Santos procurava adaptar para mim.
Pereira era um jogador de baixa estatura, com uma guarda pouco comum muito inclinado sobre a perna da frente, sempre em movimento na pista, ameaçando constantemente o seu adversário em todas as zonas possíveis e imaginárias. Concluía muitos toques ao pé, utilizava a flecha como finalização principal e "disparava" uns contra-ataques com esquiva com os quais surpreendia os ataques dos seus opositores.
Ali tive oportunidade de ver ao vivo o modelo que pretendia "copiar" e admirar de perto o Mestre criador de tal sistema. Nem eu imaginava que um dia teria como treinador o próprio Mestre Horvath, dando continuidade ao trabalho iniciado pelo Mestre Grave dos Santos.
Pereira viria nessa mesma época a sagrar-se Campeão do Mundo, e se duvidas tivesse neste estilo de jogo ficava ali inequivocamente demonstrada a sua eficácia.
Daí em diante as provas Espanholas não mais deixaram de fazer parte das nossas épocas desportivas. Numa altura em que ainda pouco se saía ao serviço da Selecção Nacional, principalmente nos escalões de Cadetes e Juniores, era a nossa vontade de evoluir que reunia os carros dos mais velhos, os farnéis preparados pelas mães e uns trocos para a pensão e nos levava para mais uma jornada Ibérica.
Estas competições são fantásticos momentos de convívio, onde as pessoas partilham as suas histórias ao longo da viajem e se conhecem cada vez melhor. Onde têm oportunidade de jogar provas com mais de 100 atiradores, em ambiente internacional, numa mescla de jogadores de Elite, jovens promessas, ou simples praticantes de todas as gerações.
Estas provas são o início de uma nova etapa que vai muito para além dos aspectos desportivos. Poder proporcionar esta experiência aos novos atiradores da minha Sala é uma sensação muito agradável e transporta-me até lá bem atrás, onde tive a felicidade de ter por perto pessoas que me proporcionaram esta experiência.
Afinal, é como se estivesse outra vez no início.

 
Particularidades do Mundo do Desporto. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Retirado das competições por opção própria desde o final da época passada deparei-me com uma realidade interessante durante a prova de Veteranos de Sábado.
Questionado quanto à minha não participação lá fui respondendo que ainda não tinha 40 anos, pelo que não podia jogar. Ou seja, para os Seniores estou "velho de mais", para os Veteranos estou "novo de mais".
As várias modalidades desportivas comportam diferentes realidades etárias. Na Ginástica um atleta é sénior aos 15 anos enquanto na Esgrima apenas atinge esse escalão 5 anos mais tarde. A longevidade competitiva também é bem diversa com larga vantagem para a Esgrima que possibilita inúmeras temporadas ao nível da alta-competição, enquanto na Ginástica um atleta com 20 anos está já em claro final de carreira.
No entanto, como se vê pela Fotografia, entre o jovem Tomás e o seu pai Bernardo existe na Esgrima uma "Idade Intermédia" meio perdida no tempo, onde se situam os superdotados tipo Kolobcov - Campeão do Mundo de Seniores aos 36 anos - e muitos outros que, tal como eu, estão a mais de um lado... e a menos do outro...

 
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